A Volkswagen confirmou uma das decisões mais ambiciosas de sua história recente na América do Sul: a eletrificação completa de sua linha de veículos produzida na região, começando em 2026. A estratégia integra um pacote de investimentos que prevê R$ 20 bilhões até 2028, destinados a impulsionar o desenvolvimento local, a inovação tecnológica e a ampliação da presença da marca em mercados internacionais.
A ofensiva inclui o lançamento de 21 novos modelos, todos com pelo menos uma versão eletrificada — abrangendo desde sistemas híbridos leves e convencionais até os híbridos plug-in (PHEV), capazes de rodar distâncias maiores no modo totalmente elétrico. A promessa é clara: nenhum novo carro lançado na América do Sul será 100% a combustão a partir de 2026.
Transição elétrica com DNA brasileiro
O anúncio foi feito na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP), em um evento que contou com a presença de autoridades federais, como o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante. A participação institucional reforça o alinhamento entre a iniciativa privada e a política industrial nacional, que vê na transição energética automotiva uma das engrenagens do crescimento econômico sustentável.
Segundo o presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom, o plano vai além da modernização da frota: “Estamos atuando para impulsionar a indústria nacional, que desenvolve e produz carros aqui, gerando empregos e acelerando a economia”. O movimento não apenas consolida o Brasil como polo de produção automotiva para a América Latina, como também fortalece as exportações de modelos eletrificados, que devem crescer com a ampliação da demanda global por carros mais sustentáveis.
Híbridos e elétricos para todos os segmentos
O portfólio futuro da Volkswagen na região promete atender diferentes perfis de consumidores. Os modelos híbridos leves (MHEV) utilizarão geradores elétricos integrados ao motor a combustão para otimizar consumo e emissões. Já os híbridos convencionais (HEV) combinam motor térmico e elétrico com gerenciamento automático, ideais para uso urbano sem necessidade de recarga externa.
Por sua vez, os híbridos plug-in (PHEV) devem representar o salto mais relevante: poderão ser recarregados na tomada e operar longos trechos em modo elétrico puro, com emissões praticamente nulas no dia a dia. Tudo isso sem abrir mão da autonomia dos motores a combustão.
Embora os modelos 100% elétricos também façam parte do plano, o foco inicial recai sobre a hibridização — uma escolha estratégica que leva em conta o estágio da infraestrutura de recarga no Brasil e em países vizinhos.
Apoio financeiro e foco em tecnologia
Para viabilizar a eletrificação em escala, a Volkswagen garantiu R$ 2,3 bilhões em linhas de crédito junto ao BNDES, com foco na pesquisa e desenvolvimento de novos veículos eletrificados e no fortalecimento das exportações. Os recursos também contemplam investimentos em ADAS (sistemas avançados de assistência ao condutor) e tecnologias de conectividade embarcada, áreas consideradas fundamentais para os veículos do futuro.
Essas melhorias vão de sistemas de frenagem autônoma e assistentes de permanência em faixa até interfaces mais inteligentes entre carro e motorista — com centrais multimídia conectadas, atualizações remotas e integração com smartphones.
Nova fase da mobilidade regional
A decisão da Volkswagen marca o início de uma nova fase para a mobilidade na América do Sul. Em vez de importar tecnologias prontas da Europa ou da Ásia, a montadora está comprometida em desenvolver soluções elétricas e híbridas sob medida para os mercados locais, respeitando as demandas regionais, o comportamento dos motoristas e as condições de infraestrutura de cada país.
Ainda não foram revelados quais serão os primeiros modelos a receber as novas tecnologias, mas espera-se que SUVs compactos e médios, como o T-Cross e o Nivus, estejam entre os protagonistas da eletrificação inicial, seguidos por sedãs e picapes de grande volume.



