Se você acha que já viu de tudo no mundo automotivo, prepare-se. Um dos modelos mais inusitados da história da Porsche está oficialmente à venda — e por um valor que faz qualquer entusiasta repensar suas prioridades. Trata-se do Porsche 911 B17, um protótipo de 1969 que nasceu com uma proposta ousada: ser o primeiro 911 com quatro lugares. E o detalhe que mais chama atenção? Seu design foi assinado pela lendária casa italiana Pininfarina.
O preço dessa raridade? Nada menos que US$ 1,25 milhão, algo em torno de R$ 7 milhões na cotação atual. Valor que, para alguns, é completamente justificável, considerando a exclusividade. Para outros, parece surreal — especialmente se levarmos em conta que esse carro já foi carinhosamente apelidado de “o Porsche mais feio do mundo”.
A ousadia de criar um 911 para quatro pessoas
O projeto surgiu quando a Porsche cogitava expandir a proposta do 911, criando um modelo mais familiar, sem abrir mão do DNA esportivo. Para isso, recorreu ao renomado estúdio de design Pininfarina, responsável por alguns dos mais belos carros já produzidos no mundo — incluindo obras-primas da Ferrari e da Alfa Romeo.
A missão parecia simples no papel: encaixar quatro pessoas dentro de um 911. Na prática, isso exigiu uma série de alterações estruturais importantes. O principal ajuste foi o aumento da distância entre-eixos em 19 centímetros, abrindo espaço suficiente para um banco traseiro minimamente funcional. Além disso, o teto foi redesenhado, mais alto, para garantir conforto para quem viaja atrás.
O resultado? Um carro que, embora mantenha alguns traços reconhecíveis do 911, traz proporções estranhas, linhas mais alongadas e um perfil que destoa completamente do equilíbrio visual típico da marca alemã.
Um visual… difícil de defender
Se o objetivo era ser funcional, ele cumpriu. Mas, do ponto de vista estético, o 911 B17 divide opiniões até hoje. A unidade que está à venda atualmente chama ainda mais atenção pelo acabamento em verde neon, cor que se estende inclusive às rodas. Curiosamente, o carro foi entregue originalmente em azul escuro, mas acabou sendo pintado na tonalidade atual durante uma reforma, anos depois.

A carroceria longa e alta, combinada com a pintura chamativa, fez com que muitos fãs da marca — e da indústria automotiva como um todo — se referissem a ele como “o Porsche mais estranho já criado”. Uma definição que pode parecer pesada, mas que não impede que essa peça única seja extremamente valorizada no mercado de colecionadores.
Por dentro do 911 B17
Apesar das mudanças visuais, o coração do B17 segue fiel ao conceito do 911 daquela época. O motor traseiro mantém a proposta original da Porsche, e o peso total do carro chega a 1.134 kg — um número elevado para um esportivo, especialmente se considerarmos que ele carrega uma distribuição de peso bastante desequilibrada: 61% no eixo traseiro e apenas 39% na dianteira.
Esse detalhe faz com que a dirigibilidade do B17 seja, no mínimo, peculiar, exigindo mãos experientes para lidar com sua tendência natural de sobresterço, agravada pelo balanço traseiro exagerado.
O veículo à venda tem um histórico bem preservado. Segundo o anúncio no site especializado Hemmings, o odômetro marca aproximadamente 61 mil km rodados, e sua condição geral é considerada boa. Apesar disso, detalhes técnicos mais profundos não foram divulgados, o que mantém uma aura de mistério em torno da unidade.



