IPVA atrasado: quando vira problema de trânsito, dívida e até apreensão do carro

Entenda o que acontece com o veículo e o proprietário quando o IPVA está em atraso, o que a lei diz sobre multas, pontos na CNH, apreensão e até negativação do nome

Quem possui um veículo no Brasil precisa conviver anualmente com uma sigla que gera apreensão: IPVA, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. Mais do que uma obrigação fiscal, ele é também um dos pilares para manter a legalidade da circulação de carros, motos, caminhões e outros veículos pelas ruas e rodovias.

Mas afinal, o que realmente acontece quando o IPVA está atrasado? Existe multa de trânsito? O carro pode ser apreendido? E o nome do proprietário, pode ir parar no SPC? Abaixo, você confere tudo o que precisa saber, com base na legislação vigente e práticas estaduais.

IPVA atrasado gera multa de trânsito?

Embora seja um imposto obrigatório, o atraso no pagamento do IPVA não configura infração de trânsito por si só. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não prevê penalidades administrativas como multa ou pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) apenas pelo débito do imposto. Ou seja, o simples não pagamento do IPVA não gera infração direta.

Entretanto, a consequência vem de forma indireta: sem o pagamento do IPVA, o proprietário não consegue licenciar o veículo, o que, sim, é considerado infração gravíssima. Circular com um veículo sem licenciamento válido pode levar à apreensão do automóvel, multa de R$ 293,47 e acréscimo de sete pontos na CNH.

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Juros e multa financeira: o custo da inadimplência

Apesar de não gerar multa de trânsito, o atraso no pagamento do IPVA implica em encargos financeiros automáticos. Cada estado possui regras específicas, mas a maioria aplica multa diária e juros baseados na taxa Selic. Em São Paulo, por exemplo, há multa de 0,33% por dia de atraso, com teto de 20% do valor do imposto.

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Se o débito for inscrito em dívida ativa, a multa sobe para 40%. Em estados como Minas Gerais e Paraná, o percentual é semelhante, com variações no limite de dias e no número de parcelas disponíveis para quitação. Além da multa, os juros de mora são calculados com base na Selic e aplicados mês a mês. O sistema de cada estado costuma gerar o novo valor automaticamente, de forma atualizada, por meio do Renavam.

Como regularizar o IPVA atrasado?

Para quitar um IPVA vencido, basta acessar o site do Detran ou da Secretaria da Fazenda do seu estado, informar o número do Renavam e gerar a guia de pagamento. O sistema já apresentará os valores corrigidos com juros e multa.

Se o atraso for referente ao início do parcelamento anual, o contribuinte ainda pode regularizar o débito, mas terá de pagar o imposto em cota única — o parcelamento não será mais permitido após o vencimento da primeira parcela.

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Quanto tempo posso circular com IPVA vencido?

Legalmente, não existe um prazo máximo para circular com o imposto atrasado. Mas o problema surge quando o licenciamento do veículo não pode ser renovado por conta do débito. A ausência do documento em dia torna a circulação ilegal e sujeita a apreensão do carro, multa e pontuação na CNH, como mencionado anteriormente.

Além disso, o IPVA em atraso também bloqueia a transferência de propriedade do veículo. Quem compra um carro com IPVA vencido deve regularizar o pagamento em até 30 dias corridos após a venda. Do contrário, o novo proprietário poderá ser multado em R$ 130,16, com adição de quatro pontos na CNH — isso configura infração média, de acordo com o CTB.

Para veículos novos, o prazo para regularização do imposto também é de 30 dias a partir da emissão da nota fiscal, com base no que estabelece o Detran-SP.

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IPVA atrasado pode sujar o nome?

Sim. Além de impedir o licenciamento e a circulação legal do veículo, o IPVA vencido pode ter consequências financeiras diretas para o proprietário. No estado de São Paulo, por exemplo, os devedores são incluídos automaticamente no Cadin Estadual (Cadastro de Inadimplentes do Governo) e têm o nome inscrito na Dívida Ativa.

Esse processo é amparado pela Lei nº 12.799/08, que trata da cobrança dos tributos estaduais. A nível nacional, a Lei nº 6.830/1980, conhecida como Lei de Execução Fiscal (LEF), permite que os devedores sejam cobrados judicialmente. Com isso, o nome do proprietário pode ser negativado nos cadastros de proteção ao crédito, como SPC e Serasa.

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Diferenças de alíquota entre os estados

A alíquota do IPVA varia de acordo com a unidade federativa e é calculada sobre o valor venal do veículo, conforme a tabela Fipe ou índice semelhante adotado por cada estado. Santa Catarina, Tocantins e Acre praticam algumas das menores alíquotas do país, de 2%. Já São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro estão entre os que aplicam 4%, que é o teto permitido.

Essa diferença regional impacta diretamente no valor final do imposto e, consequentemente, nos encargos em caso de atraso. Por isso, é essencial consultar o calendário e as regras do seu estado para manter o imposto em dia e evitar prejuízos financeiros e legais.

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