O Volkswagen Touareg, símbolo da ousadia da montadora alemã no universo dos SUVs de luxo, está com os dias contados. Segundo fontes ouvidas pela revista britânica Autocar, a produção do modelo será encerrada em 2026, encerrando uma jornada de 24 anos marcada por inovações técnicas, design sofisticado e uma proposta que desafiou os padrões do segmento premium.
O modelo, que chegou ao Brasil em meados dos anos 2000 e saiu de linha por aqui em 2019, não terá sucessor direto, o que revela uma mudança estratégica importante para a Volkswagen global.
Um projeto ambicioso que virou referência
Lançado originalmente em 2002 como ano-modelo 2003, o Touareg nasceu de uma colaboração rara entre três gigantes: Volkswagen, Audi e Porsche. O resultado foi uma plataforma compartilhada que deu origem também ao Audi Q7 e ao Porsche Cayenne, dois nomes consagrados entre os SUVs de luxo.

A proposta da Volkswagen era ousada: entregar um SUV robusto, refinado e com desempenho de alto nível sob uma marca tradicionalmente conhecida por carros populares. Com três gerações lançadas ao longo de mais de duas décadas, o Touareg se destacou por trazer tecnologias de ponta e versões com motorização potente, como o lendário V10 TDI, um turbodiesel de 313 cv que chegou a ser vendido nos Estados Unidos. Houve ainda uma versão híbrida e modelos com motores V6 e V8.
Apesar do sucesso técnico e da boa reputação em mercados como o europeu e o chinês, o modelo foi sendo gradualmente deixado de lado em regiões com forte apelo por preço competitivo — como o Brasil, onde deixou de ser oferecido há seis anos.
Adeus sem substituto
O fim do Volkswagen Touareg está alinhado com a atual estratégia da marca: enxugar sua gama global e priorizar veículos mais acessíveis e sustentáveis, especialmente diante da transição para a eletrificação em massa. Além disso, a empresa precisa se adequar às novas regras de emissões e às pressões econômicas em seus principais mercados.
Nesse cenário, investir em SUVs elétricos compactos e de médio porte, como o ID.4 e o futuro ID.7 Tourer, se tornou prioridade. Modelos grandes e de nicho, como o Touareg, acabam não se encaixando nessa nova lógica — tanto em termos de rentabilidade quanto de apelo global.
Um legado comparável ao do Phaeton
Curiosamente, o fim do Touareg ecoa uma decisão semelhante tomada anos atrás pela Volkswagen: a aposentadoria do Phaeton, sedã de luxo da marca, também criado no início dos anos 2000 para disputar com gigantes como Mercedes e BMW. Embora o Phaeton tenha tido apenas uma geração e fracassado comercialmente, o Touareg resistiu ao tempo com três gerações, atualização constante e presença consolidada em mercados exigentes.
Ainda assim, o fim de sua produção representa a despedida definitiva da tentativa da VW de concorrer com marcas premium usando seu próprio emblema.



