Quando o assunto é picape compacta, a Fiat Strada reina absoluta no mercado brasileiro. Líder de vendas há quatro anos consecutivos, o modelo ocupa um espaço difícil de ser desafiado, combinando bom desempenho para o trabalho com versões mais equipadas para o uso urbano e familiar. Mas apesar da fama consolidada desde seu lançamento, em 1998, a Strada também acumula críticas importantes — especialmente no quesito conforto, segurança e tecnologia embarcada.
A geração atual, lançada em 2020, foi um marco para a Fiat: a Strada se transformou em um carro mais completo, com múltiplas versões e duas opções de motorização. Mesmo assim, há quem se pergunte se o modelo vale o investimento, especialmente nas configurações mais caras, que chegam próximas aos R$ 146 mil.
Capacidade de carga continua imbatível
O principal trunfo da Strada continua sendo sua capacidade de carga. Nas versões de cabine simples, ela transporta até 720 kg e oferece impressionantes 1.354 litros de volume — números que superam com folga rivais como a Volkswagen Saveiro, com 712 kg e 924 litros, respectivamente.

Já nas versões cabine dupla, voltadas para quem precisa de um veículo mais versátil no dia a dia, o compartimento de carga é menor, mas ainda relevante: são 844 litros e até 650 kg de capacidade, dependendo da motorização e câmbio. Esse equilíbrio entre funcionalidade e volume útil é um dos fatores que consolidaram a Strada como referência para frotistas e pequenos empresários.
Estrutura robusta, mas com reflexos no conforto
A robustez mecânica é um dos pilares da Strada. O conjunto de suspensão dianteira do tipo McPherson e traseira com eixo rígido e molas semielípticas é confiável e resistente, ideal para pisos irregulares ou uso severo. Aliás, o projeto é tão bem resolvido que serviu de inspiração para futuras picapes compactas da concorrência.
Entretanto, essa resistência cobra seu preço. O comportamento da suspensão em pisos urbanos é menos refinado, e a rigidez do conjunto acaba penalizando o conforto da cabine, com maior transferência de impacto para os ocupantes.
Gama completa com motorizações distintas
A Fiat Strada 2025 oferece sete configurações, incluindo versões de cabine simples, estendida e dupla. As opções de motorização começam no já conhecido 1.3 Firefly aspirado, com 107 cv e 13,4 kgfm de torque, disponível com câmbio manual de 5 marchas ou CVT com simulação de 7 velocidades.

Nas versões mais equipadas, como Ultra e Ranch, o destaque é o motor T200 1.0 turbo flex, que entrega 130 cv e 20,4 kgfm de torque, sempre com câmbio automático CVT. Essa diversidade permite que o consumidor escolha a Strada mais adequada ao seu perfil — seja para trabalho, uso misto ou até mesmo como veículo principal da família.
Consumo competitivo em todas as versões
A eficiência energética é outro ponto alto. Nas versões aspiradas, a Strada registra médias de até 13 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada com gasolina, segundo dados do Inmetro. Mesmo com etanol, as médias são razoáveis: 9,1 km/l na cidade e 10,1 km/l na estrada.
Já as versões turbo, embora mais potentes, apresentam consumo um pouco mais elevado: 11,9 km/l com gasolina na cidade e 13,1 km/l na estrada. Ainda assim, o equilíbrio entre desempenho e economia segue atraente para quem roda muito.
Manutenção com preço fixo e revisão acessível
Outro diferencial da Strada está na política de revisões com valores tabelados. Na versão de entrada, Endurance 1.3, o custo das três primeiras revisões é de apenas R$ 1.944 — menos da metade do que se paga na concorrente Saveiro Robust (R$ 3.930).

Entretanto, é importante observar que a cesta de peças da Strada pode ser mais cara: R$ 6.372 contra R$ 6.044 da rival da Volkswagen. Para quem depende do carro como ferramenta de trabalho, esse detalhe pode fazer diferença na hora de fechar a conta.
Espaço interno e ergonomia ainda limitam o uso familiar
Apesar da versatilidade das versões de cabine dupla, o espaço interno é restrito, principalmente para os passageiros do banco traseiro. A área para pernas é curta, e a largura da cabine limita o conforto de três ocupantes, especialmente em viagens longas.
O problema se agrava com a ergonomia: o volante tem apenas ajuste de altura, não de profundidade, e os encostos traseiros são retos e desconfortáveis. O formato dos bancos também não favorece longas jornadas, penalizando quem pretende usar a picape como carro principal da família.
Itens de segurança: pacote modesto para o preço
A lista de equipamentos de segurança da Strada deixa a desejar, especialmente nas versões mais caras. Mesmo nas versões Ultra e Ranch, que ultrapassam os R$ 140 mil, o modelo oferece apenas quatro airbags e controle de estabilidade. Não há piloto automático, frenagem autônoma ou assistente de permanência em faixa, recursos cada vez mais comuns em veículos da mesma faixa de preço.
No teste de impacto do Latin NCAP, a Strada obteve apenas uma estrela de cinco possíveis, reforçando a necessidade de atualização nesse quesito.
Tela multimídia simples para o padrão atual
Mesmo nas versões topo de linha, a central multimídia de 7 polegadas é considerada modesta frente ao que se encontra em modelos equivalentes. A interface gráfica é simples, com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, mas peca na fluidez e resolução.
O painel de instrumentos digital TFT também é datado e compartilha o mesmo layout básico de modelos antigos da Fiat, como o Uno. Nas versões mais baratas, a central multimídia sequer está presente — o que reforça a simplicidade do pacote tecnológico da picape.