A Renault troca comando no Brasil em um momento estratégico para o setor automotivo e para a própria marca. A montadora francesa confirmou que, a partir de 14 de julho de 2025, o executivo argentino Ariel Montenegro assumirá a presidência da operação brasileira, substituindo Ricardo Gondo, que deixa a empresa após anos de atuação marcante no comando local.
Essa transição de liderança ocorre em meio a uma reorganização mais ampla da estrutura da Renault na América do Sul, e simboliza mais do que uma simples troca de nomes: trata-se de uma mudança de rumo, com ênfase em inovação, eletrificação e ampliação de portfólio.
Quem é Ariel Montenegro e por que sua escolha é estratégica?
Formado em Engenharia Mecânica, Ariel Montenegro iniciou sua jornada na Renault em 2005, como aprendiz na fábrica da marca na Argentina. Desde então, acumulou experiência internacional em países como França e Colômbia, além de ter participado diretamente da elaboração do plano Renaulution, que redefiniu a estratégia global do grupo francês a partir de 2021.
Em 2022, Montenegro foi nomeado presidente da Renault-SOFASA, operação colombiana da marca, onde demonstrou habilidade em gestão de portfólio regional, reposicionamento de mercado e incremento de vendas. Ao assumir o Brasil, ele passa a se reportar diretamente a Fabrice Cambolive, atual CEO global da Renault, evidenciando a importância estratégica da operação brasileira dentro do grupo.
Nova fase da Renault no Brasil: Boreal, elétricos e alianças globais
A chegada do novo presidente coincide com a preparação para o lançamento do SUV Boreal, um dos projetos mais aguardados da Renault para 2025. O modelo deve estrear oficialmente ainda em julho, marcando o início de uma fase mais arrojada para a marca no país.
Além disso, Montenegro deve conduzir a expansão da parceria com a chinesa Geely, voltada para o desenvolvimento de veículos elétricos e comerciais leves. Essa aliança prevê a nacionalização de tecnologias e possível instalação de uma linha de montagem dedicada à eletrificação, reforçando o compromisso da marca com a transição energética.
Com isso, espera-se que a nova gestão acelere projetos que estavam em fase inicial ou adormecidos, colocando o Brasil novamente no centro das decisões da Renault global — algo que perdeu força nos últimos anos, com o avanço de marcas concorrentes no mesmo nicho de mercado.
Saída de Gondo encerra ciclo de resiliência e reposicionamento
A substituição no comando ocorre após um ciclo de desafios liderado por Ricardo Gondo, que esteve à frente da Renault do Brasil durante momentos turbulentos, incluindo o impacto da pandemia na cadeia automotiva e a necessidade de ajustar o portfólio às novas exigências do mercado nacional.
Durante sua gestão, Gondo conduziu atualizações no portfólio de compactos, ajustes na política de preços e ampliou a capilaridade da rede de concessionárias, pavimentando o terreno para os próximos lançamentos. A Renault reconheceu publicamente sua contribuição e afirmou que a transição será feita de forma gradual, respeitando o planejamento vigente.



