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Quando parar de dirigir? Estudo revela faixa etária crítica para segurança no trânsito

Com o envelhecimento da população e o avanço da mobilidade urbana, cresce também um questionamento difícil — mas necessário: quando um motorista deve parar de dirigir? A resposta, embora delicada, envolve muito mais do que a idade cronológica registrada na CNH. Envolve reflexos, visão, atenção, autoconfiança e, acima de tudo, a segurança de quem dirige e de quem divide o trânsito.

Um novo estudo realizado em Barcelona traz dados reveladores que reacendem o debate sobre a condução segura na terceira idade. A pesquisa aponta que, a partir dos 75 anos, a performance ao volante começa a cair de forma significativa, com impacto direto em situações que exigem tomada de decisão rápida, como freadas bruscas, mudanças de faixa e resposta a obstáculos inesperados.

Reflexos mais lentos, atenção dividida e risco crescente

Os pesquisadores observaram que os reflexos motores e visuais diminuem de forma acelerada após os 75 anos. A visão periférica se estreita, o tempo de reação aumenta e a leitura de placas ou identificação de pedestres se torna mais difícil — sobretudo à noite ou em vias movimentadas.

Essas limitações, ainda que muitas vezes ignoradas pelo condutor, tornam o ato de dirigir uma atividade mais arriscada, tanto para o motorista quanto para os demais usuários da via. Ainda assim, no Brasil, não existe uma idade limite legal para dirigir.

O que diz a lei sobre motoristas idosos?

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), não há uma idade máxima para conduzir veículos, mas o processo de renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) passa a ser mais rigoroso conforme o motorista envelhece.

A partir dos 70 anos, a renovação precisa ser feita a cada três anos, com obrigatoriedade de passar por exames médicos que avaliem aptidão física, mental e visual. Esse processo visa garantir que o condutor ainda esteja em plenas condições de operar um veículo com segurança — embora, na prática, nem sempre detecte perdas sutis de reflexo ou atenção.

Mais do que idade: os sinais de alerta no dia a dia

A idade, isoladamente, não define a capacidade de dirigir. Porém, certos comportamentos e episódios repetidos devem acender o alerta. Sentir-se confuso em trajetos conhecidos, cometer infrações frequentes, reagir mal a situações de risco ou até confundir os pedais são indicativos de que algo não vai bem.

Há ainda relatos comuns de idosos que se envolvem em pequenos acidentes, erram saídas, demoram para identificar a sinalização ou apresentam dificuldades para manter a atenção em longos trechos.

Além disso, familiares podem notar mudanças sutis, como aumento do nervosismo ao dirigir, relutância em sair à noite ou evitação de vias mais rápidas. Em alguns casos, o motorista resiste à ideia de abandonar o carro, por associá-lo à liberdade, à independência e até à autoestima.

A decisão que protege vidas — inclusive a do próprio condutor

Parar de dirigir pode ser doloroso, mas também é uma atitude de responsabilidade e maturidade. Em muitos casos, a conversa entre familiares e o acompanhamento médico especializado são caminhos importantes para construir essa transição de forma respeitosa e gradual.

É válido lembrar que a mobilidade urbana vem oferecendo cada vez mais alternativas: transportes por aplicativo, cartões com gratuidade no transporte público, táxis acessíveis, caronas comunitárias, entre outros recursos. Manter a autonomia não precisa depender exclusivamente de estar ao volante.