A Stellantis, um dos maiores grupos automotivos do mundo, acaba de revelar uma inovação que pode alterar profundamente o equilíbrio de forças no mercado de carros elétricos. Com foco na eficiência e na redução de custos, a empresa apresentou uma nova bateria com arquitetura integrada, capaz de entregar mais potência, menos peso e recargas mais rápidas — três pilares essenciais para o avanço da eletrificação, especialmente no exigente mercado europeu.
A novidade foi desenvolvida em parceria com a Saft, divisão da TotalEnergies especializada em soluções energéticas. O sistema une bateria, inversor e carregador em um único módulo compacto, reduzindo não apenas o volume ocupado dentro do veículo, mas também os componentes eletrônicos externos, a complexidade da montagem e os custos de manutenção.
Peugeot E-3008 é o primeiro a testar a nova arquitetura
O primeiro protótipo equipado com essa tecnologia é o novo Peugeot E-3008, SUV elétrico que já circula como referência no portfólio da Stellantis. Os ganhos, mesmo em fase de testes, são expressivos: o peso total do conjunto foi reduzido em 40 kg e houve um aumento de 15% na eficiência energética em comparação às baterias convencionais de mesmo porte. O resultado mais direto dessa evolução é a liberação de 17 litros de espaço físico na estrutura do carro — um número que pode fazer diferença na versatilidade interna do veículo.

A motorização também foi beneficiada. A potência máxima saltou de 201 cv para 231 cv, indicando que o novo sistema não sacrifica desempenho. Pelo contrário, ele otimiza a entrega de força e ajuda a responder a uma das principais críticas ainda enfrentadas por alguns EVs europeus: a performance em longos percursos ou em condições de maior exigência.
Recarga otimizada e menor consumo de energia auxiliar
Outro ponto de destaque é a redução no tempo de recarga. Em estações AC de 7 kW — bastante comuns em residências europeias —, o tempo para carga total foi de 7 horas para cerca de 6 horas, o que representa uma melhora de aproximadamente 15%. A mudança pode parecer sutil à primeira vista, mas no dia a dia de usuários que dependem da mobilidade elétrica, representa uma comodidade importante.
Além disso, a nova bateria fornece energia também para o sistema auxiliar de 12V, dispensando fontes externas e contribuindo para uma centralização ainda maior dos sistemas embarcados. Esse avanço técnico diminui a complexidade da instalação elétrica e pode reduzir o número de falhas causadas por componentes distribuídos.
Testes em andamento e perspectiva de mercado
Apesar dos números promissores, a tecnologia segue em desenvolvimento e ainda passará por testes em condições reais de estrada, o que inclui situações climáticas adversas, variações de altitude e comportamento em uso urbano e rodoviário. Caso os resultados se confirmem em larga escala, a Stellantis prevê que os primeiros veículos com a nova bateria integrada cheguem ao mercado até o fim da década.
A ideia é clara: oferecer carros elétricos mais competitivos, com menos peças, menor custo de produção e manutenção, sem abrir mão da autonomia, da potência e da experiência de condução.
Resposta europeia à dominação chinesa?
Num momento em que marcas chinesas dominam os segmentos de EVs acessíveis e avançam com soluções tecnológicas próprias, a movimentação da Stellantis soa como um contraponto estratégico. Integrando tecnologia europeia de ponta e aplicando-a em modelos globais como o Peugeot E-3008, a empresa pretende não apenas modernizar seus veículos, mas também aumentar a margem de competitividade frente a rivais como BYD, Nio e outros gigantes asiáticos que já atuam agressivamente no continente.
A aposta da Stellantis é clara: sofisticação tecnológica com produção enxuta, mirando um novo patamar para os carros elétricos europeus. Se conseguir colocar essa bateria nas ruas com o desempenho prometido, o grupo pode não só desafiar a hegemonia da China, como também abrir espaço para um novo padrão de veículos elétricos mais leves, potentes e inteligentes.



