Em sua ambiciosa estreia no universo dos superelétricos, a Xiaomi viu seu SU7 Ultra se transformar no centro de uma controvérsia que movimentou o mercado automotivo chinês.
Conhecida globalmente pelos eletrônicos de consumo, a empresa agora também chama atenção por sua ousadia no setor automotivo — e, recentemente, por uma polêmica envolvendo o corte inesperado de potência do seu sedã elétrico de 1.548 cv.
A aposta da Xiaomi no mercado automotivo
O Xiaomi SU7 Ultra é o modelo topo de linha da primeira geração de veículos da marca. Com design futurista, números impressionantes de desempenho e preço competitivo, o sedã foi lançado para enfrentar gigantes como o Porsche Taycan Turbo GT, oferecendo uma performance comparável por uma fração do preço.
Equipado com dois motores elétricos e tração integral, o SU7 Ultra atinge 0 a 100 km/h em apenas 1,89 segundos, posicionando-se entre os elétricos de produção mais rápidos do mundo. A eletrônica embarcada é outro diferencial: o veículo utiliza o sistema HyperOS, o mesmo presente nos smartphones da marca, integrando funções do carro e do celular de maneira inédita.
A polêmica atualização de software
Entretanto, uma atualização recente, identificada como versão 1.7.0, trouxe um problema inesperado. Sem aviso prévio, a Xiaomi limitou a potência do SU7 Ultra para 888 cv, quase 650 cv a menos que a configuração anunciada originalmente. A justificativa oficial foi a preocupação com a segurança: segundo a empresa, a potência total seria adequada apenas para motoristas treinados e para uso em pista.

Como parte do novo protocolo, a Xiaomi implementou o sistema “Qualifying Mode”, que obrigava os donos a registrar tempos mínimos em pistas homologadas para liberar novamente toda a potência do veículo. Além disso, um atraso de 60 segundos foi introduzido no controle de largada, eliminando as arrancadas instantâneas nos semáforos — um dos atrativos para quem investiu em um superelétrico.
A reação dos clientes e a reviravolta
A reação foi imediata e intensa. Proprietários do SU7 Ultra inundaram fóruns e redes sociais com reclamações, alegando que haviam sido enganados. Para muitos, o que parecia ser uma máquina de alta performance havia se transformado em um carro “capado” artificialmente, ferindo o principal argumento de venda da Xiaomi.
A pressão popular funcionou. Poucos dias depois da polêmica estourar, a Xiaomi anunciou o cancelamento das restrições, restaurando a potência total de 1.548 cv e retirando o atraso no controle de largada. Em comunicado oficial, a empresa afirmou: “Agradecemos o feedback apaixonado da nossa comunidade e vamos garantir mais transparência no futuro.”
SU7 Ultra: características e ambições
O SU7 Ultra faz parte de uma linha que inclui ainda os modelos SU7, SU7 Pro e SU7 Max, todos construídos com foco em performance elétrica, mas com propostas diferentes. A versão Ultra, especificamente, eleva o conceito ao extremo, focando em velocidade e experiência de condução digna dos melhores esportivos do mundo.

O interior do modelo também impressiona. O painel é dominado por uma grande tela central, combinando design minimalista com funcionalidades avançadas de conectividade, segurança e entretenimento. Aliás, o HyperOS permite atualizações remotas, integração profunda com smartphones Xiaomi e até controles de funções do veículo pelo celular.
Além da performance, a autonomia é outro ponto de destaque, embora, naturalmente, números tão elevados de potência impliquem maior consumo de energia em uso extremo. Ainda assim, o SU7 Ultra apresenta um equilíbrio surpreendente entre potência bruta, tecnologia embarcada e preço competitivo.