Poucos carros compactos conseguiram manter ao longo dos anos o equilíbrio entre praticidade urbana, consumo eficiente e manutenção econômica como o Nissan March.
Lançado no Brasil em 2011, ele marcou a estreia da marca japonesa na produção local de hatches compactos, mirando de frente concorrentes veteranos num dos segmentos mais disputados do mercado nacional.
Simples, eficiente e urbano
Com dimensões compactas e proposta voltada à mobilidade nas cidades, o Nissan March foi projetado para ser funcional, econômico e fácil de dirigir. Suas medidas — 3,83 m de comprimento e 4,5 m de diâmetro de giro — tornavam as manobras em vagas apertadas um de seus grandes trunfos. Além disso, a leveza da carroceria e a direção elétrica progressiva ajudavam a transformar o uso diário em uma experiência leve e previsível, ideal para motoristas iniciantes ou como segundo carro da família.

Mesmo com porte contido, o interior oferecia espaço razoável para quatro adultos e boa ergonomia ao volante. O porta-malas de 265 litros seguia o padrão entre os subcompactos, sem exageros, mas suficiente para a rotina urbana.
Facelift e atualização visual
O primeiro grande marco visual ocorreu em 2014, quando o modelo passou por um facelift que alterou faróis, grade dianteira e para-choques, além de melhorias discretas no acabamento da cabine. A mudança trouxe uma identidade mais moderna, ainda que sem alterações estruturais. A atualização foi importante para manter o March competitivo diante de rivais mais sofisticados, e o modelo seguiu firme até sua despedida em 2020.
Com a reestilização, também vieram novas versões e pacotes de equipamentos mais definidos. A linha passou a abranger desde versões básicas até modelos mais completos com central multimídia, câmbio CVT e acabamento interno refinado.
Motorização: entre a economia e o desempenho
O Nissan March foi vendido com dois conjuntos mecânicos principais: o motor 1.0 12V de três cilindros, com 77 cv e 10 kgfm de torque, e o confiável motor 1.6 16V de quatro cilindros, com 111 cv e 15,1 kgfm. Ambas as opções tinham bom desempenho na proposta urbana, mas o 1.6 oferecia respostas mais vivas, especialmente com o câmbio manual de cinco marchas.

Aliás, o câmbio CVT, introduzido nas versões 1.6 a partir de 2017, trouxe mais conforto e suavidade, sendo considerado mais confiável do que os automatizados concorrentes da época. Essa combinação de desempenho linear e economia se tornou um dos grandes atrativos do modelo para quem busca um hatch compacto usado com baixa exigência de manutenção.
Versões e equipamentos
A variedade de versões atendeu públicos distintos. A versão S, mais básica, trazia apenas o essencial — ar-condicionado, direção elétrica e vidros dianteiros elétricos. Já a intermediária SV adicionava retrovisores elétricos, sistema de som com USB e vidros elétricos nas quatro portas. A versão SL, sempre com motor 1.6, reunia os equipamentos mais desejados: rodas de liga leve aro 15, faróis com máscara negra, multimídia com tela sensível ao toque e, em anos mais recentes, câmera de ré e comandos no volante.
Houve ainda edições especiais como a March Rio 2016, em comemoração às Olimpíadas, com adesivos temáticos, acabamento exclusivo e plaqueta numerada, mas com a mesma mecânica da versão SV.
Dirigibilidade e robustez no dia a dia
A dinâmica do March é simples, mas bem acertada. O conjunto de suspensão com McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira entrega boa estabilidade em velocidade, embora possa parecer firme demais em pisos esburacados. Os freios seguem o padrão da categoria — discos na frente e tambores atrás —, cumprindo bem o papel para o peso e proposta do carro.

Um ponto que incomoda em algumas unidades é o isolamento acústico modesto, que permite a entrada de ruídos da transmissão e do motor, especialmente nas versões com acabamento mais simples.
O que observar antes de comprar um March usado
Apesar da fama de carro resistente, o March exige atenção em alguns pontos no mercado de usados. O motor 1.0, embora econômico, pode apresentar vibração excessiva por desgaste dos coxins. Já no 1.6, vale verificar o estado das bobinas de ignição e do chicote elétrico, que podem sofrer desgaste com o tempo.
Também é importante avaliar o estado da suspensão dianteira, com foco em buchas e bieletas, além de testar a central multimídia original, que pode travar ou funcionar lentamente. Internamente, versões básicas podem apresentar acabamento simplificado e barulhos plásticos com o tempo, mas isso não compromete a funcionalidade do carro.
Vale a pena?
O Nissan March, mesmo fora de linha, continua sendo uma escolha racional para quem busca um hatch compacto confiável, econômico e fácil de manter. As versões SV 1.6, com câmbio manual ou automático, oferecem o melhor equilíbrio entre desempenho, equipamentos e custo de manutenção. Para quem deseja um automático acessível, o CVT do March é mais confiável do que os câmbios robotizados de rivais da mesma geração.
Com isso, o modelo se mantém como uma alternativa sólida no mercado de usados, especialmente entre motoristas urbanos e jovens que buscam seu primeiro carro — simples, mas honesto em tudo o que promete entregar.



