A história da Neta, que até pouco tempo prometia sacudir o mercado de carros elétricos, enfrenta agora um destino incerto. De acordo com informações confirmadas por veículos internacionais, a chinesa Hozon Auto, empresa-mãe da marca, entrou oficialmente em processo de falência na última semana. Essa queda abrupta acontece em um momento delicado, quando a fabricante tentava fincar os pés no Brasil e conquistar um público atento às novas opções elétricas.
A crise que eclodiu na China já vinha dando sinais. Um credor chinês entrou com pedido formal de falência, alegando dívida não quitada que ultrapassava 5,3 milhões de yuans — pouco mais de R$ 4 milhões. O montante total que a Neta acumula em passivos impressiona: são mais de US$ 1,4 bilhão (quase R$ 8 bilhões), e a situação piora quando os detalhes da operação são expostos. Além do fechamento gradual de concessionárias, há relatos de protestos entre funcionários que não receberam salários desde novembro do ano passado e revendedores que cobram explicações diretamente nos portões da fábrica em Tongxiang, na província de Zhejiang.
Impactos da falência no mercado brasileiro
Esse cenário caótico reflete diretamente na estratégia da Neta para o mercado nacional. A marca desembarcou oficialmente no Brasil em novembro de 2024, apostando que seus veículos elétricos compactos, o Aya e o SUV X, teriam apelo junto ao consumidor que busca preço competitivo e tecnologia. Contudo, os números não foram animadores: apenas 51 unidades foram emplacadas em mais de sete meses de operação.
Aliás, a situação da Neta no país tem sido marcada por instabilidade. Suas redes sociais chegaram a desaparecer temporariamente, o site oficial ficou “em manutenção”, e apenas recentemente voltaram a funcionar. Fontes do setor apontam que a montadora ainda conta com cerca de 800 veículos parados no porto de Cariacica (ES), esperando destino. Sem um canal consistente de vendas, a única solução parece ser investir pesado em descontos para escoar o estoque.
Estoques acumulados e descontos para atrair o público
A Neta segue oferecendo o Aya a partir de R$ 133.900 e o X por R$ 209.990, com um desconto promocional de R$ 10 mil sobre o preço oficial — o que coloca a empresa em uma disputa cada vez mais acirrada contra outras elétricas e híbridas que já conquistaram o mercado nacional. Contudo, essa redução de preços pode não ser suficiente para reverter a percepção negativa causada pela crise global da marca.
A montadora precisa reavaliar o posicionamento e a comunicação com o cliente brasileiro para minimizar o impacto da falência da matriz e evitar que a imagem da Neta se desgaste ainda mais. O momento, portanto, exige transparência, reestruturação e uma estratégia clara para que a marca sobreviva em um setor que não perdoa incertezas.



