No fim da década de 1980, o cenário automotivo brasileiro vivia um momento de transição. Foi nesse período que a Chevrolet apresentou o Kadett GS, um hatch que quebrou paradigmas e elevou o nível dos esportivos produzidos no país.
Lançado como substituto do tradicional Monza S/R, o modelo rapidamente conquistou os entusiastas por unir desempenho, design arrojado e tecnologia inovadora.
Design que fez história
O visual do Kadett GS impressionava logo à primeira vista. Com um dos melhores índices de arrasto da sua categoria — apenas 0,30 de coeficiente aerodinâmico — o carro foi pensado para cortar o ar com extrema eficiência. Detalhes como vidros colados à carroceria, limpadores embutidos e a ausência das calhas tradicionais no teto tornavam suas linhas mais limpas e modernas.

Na dianteira, os faróis de neblina integrados ao para-choque completavam o visual futurista e davam ao GS uma identidade própria que o destacava facilmente entre os rivais da época.
Desempenho de tirar o fôlego
Sob o capô, o motor 2.0 a álcool entregava números que impressionavam: eram 110 cv de potência e um torque que garantiam uma aceleração vigorosa. Em testes da época, o hatch ia de 0 a 100 km/h em apenas 11,2 segundos e podia atingir até 171 km/h, números que o colocavam entre os mais rápidos do mercado nacional.

Essa performance vinha acompanhada de um conjunto mecânico bem ajustado, com suspensão que equilibrava perfeitamente conforto e rigidez, permitindo ao motorista aproveitar as curvas com segurança e prazer.
Conforto e tecnologia à frente do seu tempo
O Kadett GS também inovou quando o assunto era conforto. Para além dos opcionais clássicos como ar-condicionado e direção hidráulica, o destaque ficava por conta da suspensão traseira com regulagem pneumática, um recurso raro para a época.

Com essa tecnologia, o motorista podia alterar a altura da carroceria de acordo com o peso transportado, garantindo maior estabilidade e segurança. O interior, com cabine silenciosa e acabamento esmerado, criava uma atmosfera aconchegante e tornava as viagens muito mais agradáveis.
Evolução para melhorar o consumo

Apesar do apelo esportivo, o Kadett GS tinha um ponto que gerava críticas: o consumo elevado em viagens. Por isso, a Chevrolet lançou pouco depois uma versão a gasolina, que alongava as relações do câmbio e adotava pneus de perfil mais alto, oferecendo uma condução mais suave e maior autonomia. Essas mudanças foram muito bem recebidas por quem buscava um hatch equilibrado para o dia a dia sem abrir mão da diversão ao volante.
O legado que continua vivo
Ao longo dos anos, o Kadett GS seguiu evoluindo. Em 1991, ganhou um charmoso teto solar, opção que reforçou seu apelo jovem e descolado. Já a versão GSi, que sucedeu o GS, trouxe a injeção eletrônica e novos elementos estéticos, como saias e spoilers que acentuavam a esportividade. Entretanto, a essência do GS permanecia inalterada: um hatch que fez história e deixou saudade entre os fãs.

Até hoje, o Kadett GS representa uma época em que os esportivos nacionais ousavam mais, inovavam sem medo e ofereciam uma experiência de direção marcante. Por isso, ele segue lembrado como um dos grandes nomes da engenharia automotiva no Brasil, um verdadeiro clássico que inspirou gerações e elevou o padrão da categoria — uma prova viva do que a Chevrolet era capaz quando ousava transformar a performance e o estilo em um único carro.



