Com o crescimento expressivo das vendas de veículos elétricos no Brasil, impulsionado por incentivos fiscais, lançamentos acessíveis e apelo ambiental, surge uma demanda igualmente importante: a infraestrutura de carregamento precisa acompanhar essa transformação. E é aí que entra a exigência técnica por trás do que parece, à primeira vista, uma simples instalação elétrica.
A instalação de carregadores para veículos elétricos não é uma tarefa comum e muito menos trivial. Além de exigir potência elevada, o sistema precisa ser seguro, compatível com a rede elétrica local e prever desde sobrecargas até riscos de incêndio. Por isso, conforme diretrizes técnicas já em vigor no setor, a responsabilidade pela instalação desses equipamentos cabe exclusivamente a engenheiros eletricistas habilitados.
Quem pode instalar carregadores elétricos?
O responsável técnico por todo o processo de instalação deve ser, obrigatoriamente, um engenheiro eletricista registrado no sistema Confea/Crea. Esse profissional responde pela análise da viabilidade elétrica, projeto da instalação, escolha dos materiais, execução da obra e acompanhamento da operação, incluindo manutenções preventivas.
Aliás, quando necessário, esse mesmo engenheiro pode coordenar uma equipe multidisciplinar, envolvendo engenheiros civis, engenheiros mecânicos ou de segurança do trabalho, dependendo do local de instalação e da complexidade da infraestrutura — como em prédios residenciais, garagens comerciais ou estacionamentos públicos.
Mais do que um requisito técnico, essa exigência também tem respaldo legal. O projeto precisa ser formalizado por meio de uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), documento que assegura a rastreabilidade da obra, garante a conformidade com normas vigentes e protege o consumidor final.
O que diz a norma técnica brasileira?
Enquanto normas definitivas ainda estão em elaboração por entidades como a ABNT, o setor já opera com uma nota técnica oficial que estabelece as diretrizes para instalação de pontos de recarga de veículos elétricos em edificações. O documento reforça que a instalação deve seguir protocolos que envolvem:
- Avaliação do sistema elétrico existente
- Planejamento da infraestrutura de recarga
- Medidas de segurança elétrica
- Compatibilidade com a rede pública de energia
- Possibilidade de expansão para múltiplas vagas (em condomínios, por exemplo)
Essa nota também serve como base orientativa para síndicos, gestores públicos, administradores de shoppings e postos de combustível, que planejam adaptar seus espaços à nova realidade da mobilidade elétrica.
Evitando riscos e prejuízos com projetos amadores
Ignorar a exigência de um profissional habilitado pode trazer consequências sérias. Desde curtos-circuitos e incêndios, até queima de equipamentos caros como inversores e baterias, a falta de projeto elétrico adequado compromete não apenas o funcionamento do carregador, mas também a segurança das pessoas e do imóvel.
E mais: sem ART e sem projeto formal, o proprietário ou síndico pode ser responsabilizado civil e criminalmente em caso de acidentes ou irregularidades. É um risco alto demais quando se trata de equipamentos ligados diretamente à rede elétrica, com consumo contínuo e alta potência
Mobilidade elétrica no Brasil: o futuro já começou
O Brasil ainda está nos estágios iniciais da transição para a mobilidade elétrica, mas já há sinais claros de que a demanda por infraestrutura de recarga só tende a crescer. A chegada de modelos mais acessíveis ao mercado, a ampliação da rede de eletropostos e os incentivos fiscais colocam o país em uma rota promissora — e exigente.
Para que essa jornada continue avançando com segurança, eficiência e regularidade, é essencial que o processo de instalação dos carregadores siga os trâmites corretos. E isso começa com a escolha do profissional certo: o engenheiro eletricista, com registro ativo e capacitado para garantir que a energia que move os carros do futuro chegue com confiabilidade à garagem de hoje.



