O mês de setembro marcou uma virada relevante para os motoristas brasileiros: o etanol perdeu competitividade frente à gasolina, revertendo um cenário que, em determinados momentos do ano, favoreceu o combustível vegetal.
O aumento no valor do litro do etanol em diversos estados do país, aliado à estabilidade da gasolina, mudou a equação nas bombas. Agora, a relação custo-benefício volta a favorecer o combustível fóssil em várias regiões, reacendendo o debate sobre mobilidade, economia e sustentabilidade.
Alta no preço do etanol compromete economia na bomba
Segundo dados recentes do mercado de combustíveis, o etanol subiu 1,15% em setembro, alcançando média nacional de R$ 4,41 por litro — o valor mais alto desde junho. Essa elevação, embora pareça discreta à primeira vista, tem impacto direto sobre a decisão de abastecimento, especialmente em estados onde o diferencial de desempenho dos veículos a etanol ainda não compensa a diferença de preço.
A gasolina, por outro lado, permaneceu estável, com valor médio de R$ 6,34 por litro, o que em termos proporcionais acaba tornando-a mais vantajosa em diversas praças. A equação de viabilidade, que considera o limite de até 70% do valor da gasolina para que o etanol seja economicamente interessante, passou a pender para o lado da gasolina em quase todo o país.
Fatores que influenciaram a virada de vantagem
Entre os principais vetores dessa inversão está o aumento da demanda por etanol anidro, impulsionado por mudança regulatória que elevou a proporção de mistura com gasolina de 27% para 30%. Essa medida, que tem como objetivo reduzir as emissões veiculares, acabou pressionando a oferta e, naturalmente, os preços ao consumidor final.
Além disso, há uma crescente demanda pontual em alguns estados, especialmente no Sudeste, onde a cultura de abastecimento com etanol é mais disseminada. Isso ampliou os efeitos da nova regra e refletiu de forma direta nos postos de combustíveis.
Apesar do cenário momentâneo, especialistas reforçam que o etanol segue com papel estratégico no futuro da mobilidade sustentável, especialmente em contextos de descarbonização e políticas climáticas. Contudo, para o bolso do motorista em 2025, a gasolina voltou a ser a escolha mais racional.
Panorama regional: onde abastecer ficou mais caro ou mais barato
A análise por região mostra que, embora o comportamento médio nacional seja de alta para o etanol e estabilidade na gasolina, os resultados variam significativamente de estado para estado.
No caso do etanol, apenas o Nordeste registrou leve queda de preço (-0,20%), chegando à média de R$ 4,94 por litro. No outro extremo, o Sudeste teve a maior alta (1,65%), mas ainda mantém o preço mais baixo entre as regiões, com média de R$ 4,30.
O Norte segue como o campeão da gasolina cara, com preço médio de R$ 6,83, enquanto o Sudeste novamente aparece como a região mais econômica nesse quesito, com R$ 6,21, mesmo após um reajuste de 0,32%. O Nordeste, apesar da redução de 0,47%, continua com média elevada de R$ 6,42 por litro.
Estados com maiores variações no preço do combustível
No levantamento estadual, São Paulo apresentou o etanol mais barato do Brasil, com R$ 4,18 por litro, mesmo após um aumento de 2,20%. Já no Amazonas, o valor chegou a R$ 5,47, evidenciando as diferenças logísticas e de distribuição que ainda impactam a precificação dos combustíveis.
A maior variação percentual de preço do etanol ocorreu em Rondônia, onde a alta foi de expressivos 3,75%. No caso da gasolina, o Acre lidera o ranking nacional de preços, com R$ 7,44 por litro, apesar de uma pequena queda de 0,53%. Já o Rio de Janeiro, com R$ 6,12, teve o menor valor médio registrado entre os estados.



