O universo da Fórmula 1 sempre fascinou os entusiastas da velocidade, mas raramente esse fascínio foi bem traduzido para o cinema. Ao longo das décadas, títulos como Rush e Ford vs Ferrari marcaram o gênero por retratar com realismo e intensidade o clima das pistas.
Agora, “F1 – O Filme” tenta seguir esse caminho, oferecendo um espetáculo cinematográfico que une a força do astro Brad Pitt e a visão experiente de Lewis Hamilton como produtor. O objetivo? Cativar não apenas os aficionados pelo esporte, mas também atrair novos fãs que nunca viveram a emoção da maior categoria do automobilismo mundial.
Uma imersão autêntica nos bastidores da Fórmula 1
O maior trunfo do longa dirigido por Joseph Kosinski, que já provou seu talento em Top Gun: Maverick, é a verossimilhança das imagens. Para isso, a equipe teve acesso irrestrito aos paddocks, carros e até às corridas reais da temporada 2023 da Fórmula 1. Graças a essa parceria oficial com a Liberty Media e o envolvimento direto de Hamilton, o resultado é um nível impressionante de detalhes que torna cada tomada verossímil, do ronco dos motores aos bastidores da fictícia equipe Expensify APX GP.

Aliás, participações de nomes como Max Verstappen, Charles Leclerc e George Russell, além da presença dos chefes Toto Wolff, Zak Brown e Frédéric Vasseur, reforçam a sensação de estar assistindo a um fim de semana de Grande Prêmio real.
Cenas de corrida que saltam da tela
Não há como negar: o espetáculo visual e sonoro é o que dá ritmo ao filme. Cada curva, ultrapassagem e aceleração foi captada com câmeras e drones de última geração, colocando o espectador lado a lado com Sonny Hayes (personagem vivido por Pitt) e seu companheiro de equipe, Joshua Pearce (interpretado por Damson Idris).

Os carros da fictícia APX GP foram construídos com base nos modelos reais da F1 atual, o que torna o resultado incrivelmente próximo da realidade que os fãs estão acostumados a ver nas transmissões. Além disso, a trilha sonora que mescla Led Zeppelin e a assinatura épica de Hans Zimmer dá uma carga emocional digna das melhores produções do gênero, criando uma combinação que prende o público do início ao fim.
História clássica e repleta de clichês
Se o visual impressiona, o enredo peca por apostar em uma estrutura já bastante conhecida: a tradicional jornada do herói. Hayes é um veterano que volta às pistas após décadas afastado e precisa provar que ainda tem o que oferecer. Sua relação com o jovem e talentoso Pearce e os desafios impostos por uma equipe desacreditada criam uma narrativa repleta de arquétipos que lembram filmes de ação dos anos 80 e 90.
Entre chefes ambiciosos, engenheiros obstinados e o clássico “interesse amoroso” inserido apenas para movimentar o roteiro, o longa esbarra em estereótipos que reduzem a profundidade da trama. Por isso, quem espera um roteiro mais complexo pode se frustrar.
Para fãs e novos públicos
Ainda assim, a proposta funciona quando vista como puro entretenimento. Por isso, a expectativa é que “F1 – O Filme” conquiste tanto o entusiasta veterano que aprecia a riqueza técnica quanto o espectador que busca apenas um ótimo espetáculo cinematográfico. Aliás, a própria Liberty Media aposta nessa estratégia para continuar ampliando a base de fãs da Fórmula 1, que ganhou novos adeptos graças a produções como a série documental “Drive to Survive”.
Além disso, o ritmo ágil, o carisma do elenco e a presença realista dos paddocks e pilotos criam uma experiência que aproxima o público das pistas, tornando a narrativa mais envolvente e autêntica.
Foco na diversão e no espetáculo
Entre os méritos da produção, o maior talvez esteja no equilíbrio entre cenas de corrida que capturam a adrenalina da Fórmula 1 e um enredo acessível a quem nunca parou para entender o que significa um pit stop. Por outro lado, o roteiro simples e cheio de clichês impede que a trama alcance o nível de um clássico instantâneo.
No fim das contas, “F1 – O Filme” entrega exatamente o que promete: uma viagem emocionante pelo circo da Fórmula 1, ideal para quem busca entretenimento bem produzido e quer sentir o frio na barriga que só a velocidade sobre quatro rodas pode proporcionar.



