A partir do dia 1º de agosto, os motoristas brasileiros precisarão se adaptar a uma importante mudança: o aumento da mistura de etanol na gasolina, que vai saltar de 27,5% para 30%. A decisão foi tomada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com o aval do governo federal, e representa uma das medidas mais marcantes do setor nos últimos anos. Além disso, o diesel também sofrerá alteração, com o biodiesel passando de 14% para 15% em sua composição.
Esse ajuste faz parte da estratégia do governo para reduzir a dependência do petróleo importado, garantir maior previsibilidade de preços e reforçar a política energética nacional. Aliás, a estimativa oficial é que o litro da nova gasolina, agora chamada de E30, fique até R$ 0,11 mais barato. Mas o que essa mudança significa para o desempenho dos veículos e o dia a dia dos motoristas? Vamos entender.
Como o aumento de etanol afeta o consumo e a potência do carro?
Ao adicionar mais etanol na gasolina, o combustível ganha um perfil menos energético — afinal, o poder calorífico do etanol corresponde a cerca de 70% do da gasolina pura. Assim, os donos de carros flex podem perceber uma queda na autonomia, precisando abastecer com um pouco mais de frequência.
Entretanto, o impacto varia de acordo com a tecnologia do motor e o tipo de uso. Carros modernos, projetados para funcionar bem tanto com gasolina quanto com etanol, devem lidar bem com essa mudança. Já os veículos mais antigos podem precisar de atenção extra.
Cuidado com veículos antigos e colecionáveis
Os motores antigos, especialmente os que foram fabricados antes da popularização dos carros flex, merecem um cuidado especial com a gasolina E30. Isso porque o etanol é um combustível hidratado — ou seja, contém água — e isso pode acelerar o processo de oxidação de peças metálicas, além de provocar ressecamento em borrachas e vedações.
Como destaca o especialista Clayton Barcelos, “é importante lembrar que o etanol presente na gasolina nacional nunca foi anidro, ele sempre contém certa proporção de água”, o que demanda atenção redobrada para carros que não foram preparados para essa composição. Já o consultor Rogério Gonçalves reforça que “veículos clássicos devem evitar a gasolina comum e priorizar a gasolina premium”, que segue com 25% de etanol anidro e maior octanagem, oferecendo melhor performance e mais proteção contra a corrosão.
E a gasolina premium?
Para quem busca preservar o motor e garantir um rendimento superior, a gasolina premium permanece como uma boa alternativa. Ela segue com um teor menor de etanol (cerca de 25%, mas anidro) e um índice de octanagem mais elevado. Apesar do preço maior por litro, esse tipo de combustível entrega queima mais eficiente e é menos agressivo para os componentes do sistema de injeção e do motor.
Aliás, essa escolha pode fazer toda a diferença para colecionadores e donos de veículos antigos que rodam pouco e querem evitar surpresas com a qualidade da gasolina.
Diesel com mais biodiesel: o que esperar?
Além da gasolina, o diesel também passa por uma transição gradual, subindo de 14% para 15% de biodiesel na composição. O impacto para os consumidores será pequeno, mas a intenção do governo é evitar aumentos abruptos no preço do diesel, que sofre com o cenário internacional instável e a dependência da importação — cerca de 23% do diesel consumido no Brasil vem de fora.
Esse cuidado busca conter o repasse para o frete e, por consequência, para os preços das mercadorias que chegam ao consumidor final.



