Basta morar em uma rua movimentada ou condomínio com acesso aberto para viver esse tipo de transtorno: alguém para o carro bem na sua entrada, ignorando a existência de portão, placa de proibido ou mesmo o bom senso. Pode parecer um caso simples, mas envolve questões de trânsito, direito de propriedade e até responsabilidade criminal, se mal conduzido.
Apesar da vontade de resolver tudo no impulso, agir por conta própria pode sair caro — tanto do ponto de vista financeiro quanto legal.
O que diz o Código de Trânsito Brasileiro
Segundo o artigo 181 do CTB, estacionar o veículo em frente a entrada ou saída de veículos, sem autorização do proprietário do imóvel, é infração grave, passível de multa, perda de pontos na CNH e até remoção do veículo pela autoridade de trânsito.
Ou seja, você está amparado pela lei. Mas atenção: isso não significa que o morador tem liberdade para agir como quiser. Jogar tinta no carro, furar pneus ou usar uma empilhadeira (sim, já aconteceu!) para remover o veículo é crime, e o dono da garagem pode acabar respondendo por dano ao patrimônio ou até ameaça.
Como agir de forma segura e legal
A primeira medida é documentar a situação. Tire fotos, registre o horário e, se possível, tente identificar o dono do carro. Caso more em condomínio, comunique o porteiro ou a administração, pois eles podem facilitar o contato com o condutor.
Se não houver uma resolução amigável, o próximo passo é ligar para a autoridade de trânsito local — geralmente a Guarda Municipal ou o departamento de trânsito da cidade. Eles têm o poder de aplicar a multa e acionar o guincho.
É fundamental não tentar “resolver com as próprias mãos”. Mesmo que o carro esteja obstruindo completamente a entrada da sua garagem, a remoção forçada feita por um morador é ilegal. A recomendação oficial é: chame a autoridade de trânsito e aguarde a solução conforme o protocolo.
E se for em propriedade privada?
A situação muda quando o veículo está estacionado dentro da sua vaga particular, como em garagens de prédios ou condomínios. Nesse caso, se o carro não é seu e está ocupando seu espaço, a administração do condomínio deve ser envolvida.
Caso o problema persista e o condomínio não resolva, o caminho mais seguro é registrar um boletim de ocorrência e, se necessário, acionar um advogado para uma ação de reintegração de posse.
Sim, parece exagerado, mas é assim que a justiça trata invasões de propriedade — mesmo quando se trata de uma simples vaga de garagem.
O papel das placas e sinalizações
Placas como “Proibido Estacionar – Sujeito a Guincho” têm valor mais simbólico do que legal, principalmente quando colocadas em ruas públicas. Porém, ajudam a coibir a ação de motoristas desatentos ou mal-intencionados.
Se você já teve problemas frequentes com carros obstruindo sua entrada, pode fazer uma solicitação formal à prefeitura para a instalação de uma sinalização oficial. Isso reforça o caráter legal da proibição e facilita a atuação da fiscalização.
Em alguns municípios, é possível até solicitar pintura de faixas amarelas ou a instalação de cavaletes móveis padronizados.
E se o veículo estiver abandonado?
É cada vez mais comum encontrar carros parados por dias ou semanas em frente a imóveis residenciais. Nesses casos, é preciso verificar se o carro está realmente abandonado ou apenas estacionado por um longo período.
Caso haja suspeita de abandono, o proprietário pode fazer uma denúncia formal à prefeitura ou diretamente ao departamento de trânsito, que deverá notificar o responsável e, após o prazo legal, realizar a remoção.
Em casos extremos, a justiça autoriza a venda do veículo como forma de custear as despesas com o guincho e armazenagem.