O mercado de carros usados no Brasil mostra que, mesmo diante de incertezas econômicas e juros ainda elevados, o consumidor brasileiro continua apostando no segmento de seminovos e modelos mais antigos para equilibrar custo e necessidade. Em maio de 2025, foram registradas 1.124.881 transações de automóveis usados em todo o país, segundo a Fenauto. Esse número representa uma alta de 3,8% em relação a abril, sinal claro de que o setor segue aquecido — puxado principalmente por veículos mais acessíveis, com histórico confiável e fácil revenda.
Mais uma vez, o Volkswagen Gol lidera com folga absoluta. Foram 67.891 unidades vendidas apenas em maio, o que reforça sua reputação como o carro mais tradicional, conhecido e querido entre os brasileiros. Mesmo fora de linha na produção de 0 km, o Gol continua sendo o modelo mais fácil de negociar no mercado de usados, com manutenção barata, ampla disponibilidade de peças e mecânica simples.

Na segunda colocação aparece a Fiat Strada, com 36.699 unidades negociadas no mês. A picape compacta tem sido uma escolha frequente de pequenos comerciantes e usuários urbanos que também precisam de versatilidade no transporte de carga leve. Ela ocupa o mesmo lugar no ranking de veículos novos, o que mostra sua força tanto no showroom quanto nas lojas de seminovos.
Logo atrás, praticamente empatados, estão Chevrolet Onix (36.624), Hyundai HB20 (36.281) e Fiat Uno (35.764). Todos são representantes de um perfil que atrai compradores em busca de economia de combustível, confiabilidade mecânica e seguro mais acessível. O Onix e o HB20, por exemplo, já foram líderes entre os novos, e carregam para o mercado de usados essa boa fama. O Uno, mesmo mais antigo, ainda é visto como uma excelente opção para quem busca um carro urbano robusto.

Fechando os seis primeiros colocados, o Fiat Palio (35.186) mantém seu lugar entre os preferidos. Apesar de também ter saído de linha há alguns anos, o modelo ainda é bastante procurado por motoristas de aplicativo e consumidores de primeira viagem, especialmente por conta de sua manutenção barata.
Entre os demais colocados do top 10, figuram Toyota Corolla, Ford Ka, Ford Fiesta e Chevrolet Celta — todos conhecidos pela durabilidade e pela ampla aceitação no mercado. O Corolla, por exemplo, aparece com destaque entre os sedãs médios mais procurados, mesmo com valores mais elevados, por conta da confiabilidade lendária do modelo e da boa liquidez na revenda.
Perfil de compra: por que os mais velhos vendem mais?
Um dado curioso do levantamento é a predominância dos modelos mais antigos nas vendas. Os chamados “velhinhos” — carros com 13 anos ou mais de fabricação — foram os mais negociados do mês, refletindo a busca do consumidor por alternativas mais baratas, mesmo que isso implique abrir mão de tecnologia embarcada ou design mais moderno.
Na sequência, aparecem os chamados “usados jovens”, com idade entre 4 e 8 anos, seguidos dos seminovos (até 3 anos de uso). Por último, os usados maduros (de 9 a 12 anos) ficaram com a menor fatia das transações. Esse comportamento revela como o brasileiro tem equilibrado suas decisões de compra com base no valor de mercado, custo de manutenção e grau de urgência para substituir o carro antigo.
Além disso, o acesso ao crédito, ainda limitado, empurra parte da população a buscar veículos mais baratos — muitas vezes comprados à vista ou com financiamento mais curto. Isso faz com que modelos como o Celta, Fiesta e Uno, mesmo com mais de uma década de uso, continuem circulando em grande escala.
Enquanto isso, marcas que transmitem confiança mecânica e têm ampla rede de assistência continuam dominando o cenário, como Fiat, Volkswagen, Chevrolet, Ford, Hyundai e Toyota. Esses nomes representam a maior parte das vendas e são associados à segurança na hora da revenda, mesmo após muitos anos de uso.