A BYD acaba de marcar um novo capítulo na história da indústria automotiva brasileira ao apresentar o primeiro veículo experimental montado em sua fábrica de Camaçari (BA). O modelo escolhido para estrear a linha de produção foi o Dolphin Mini, o compacto 100% elétrico que já conquistou milhares de brasileiros e agora inicia sua trajetória com DNA nacional. A unidade baiana representa não apenas um novo polo industrial no Nordeste, mas também o início de uma estratégia robusta da marca para nacionalizar processos e ampliar sua presença em toda a América Latina.
A nova planta foi construída com um investimento de R$ 5,5 bilhões, ocupando uma área colossal, equivalente a 645 campos de futebol, e conta com uma infraestrutura moderna voltada exclusivamente para a montagem de veículos eletrificados. A capacidade inicial de produção é de 150 mil unidades por ano, com planos de expansão para 300 mil veículos na segunda etapa do projeto, o que posiciona a BYD como uma das maiores fabricantes de carros elétricos da região.
Um marco tecnológico para a indústria nacional
Mais do que montar veículos, a BYD está transformando a forma como se produz automóveis no Brasil. A unidade de Camaçari foi projetada com foco em tecnologia, sustentabilidade e rastreabilidade, incorporando sistemas avançados de automação industrial, robôs para a instalação de baterias e vidros, além de um exclusivo sistema tridimensional de uso do espaço.
Entre os diferenciais, chama atenção a tecnologia de fricção silenciosa adotada na linha de produção, que mantém o nível de ruído abaixo de 70 decibéis, melhorando as condições de trabalho e reduzindo o impacto sonoro no ambiente interno.
O modelo de produção segue, neste primeiro momento, o sistema SKD (Semi Knocked-Down), no qual os veículos chegam parcialmente desmontados e são finalizados no Brasil. Contudo, o plano é acelerar a nacionalização das etapas industriais, incluindo estampagem, soldagem, pintura e montagem de componentes locais, aumentando o conteúdo brasileiro dos veículos.
Dolphin Mini abre caminho para Song Pro e King
O Dolphin Mini foi o escolhido para estrear a linha de montagem nacional, mas ele não estará sozinho por muito tempo. A BYD também confirmou que os modelos Song Pro e King, ambos em suas versões GL e GS, serão incorporados à produção local ainda em 2025.
Essa decisão reforça a intenção da empresa de expandir sua linha de veículos fabricados no Brasil, especialmente os voltados ao público que busca tecnologia embarcada, eficiência energética e menor impacto ambiental. A produção nacional desses modelos permitirá à marca competir com mais força em categorias estratégicas do mercado, como os SUVs compactos e os sedãs híbridos.
Expansão da mão de obra e fornecedores locais
Além da estrutura física, o projeto também representa uma oportunidade de desenvolvimento socioeconômico para a região. Mais de 1.000 profissionais já foram contratados e estão alocados diretamente na operação da fábrica. A previsão é que esse número ultrapasse 4.000 empregos até o fim de 2025, com a abertura de novas vagas em áreas técnicas, operacionais e administrativas.
Paralelamente, a BYD está estruturando uma cadeia de fornecedores nacionais. Até o momento, 106 empresas brasileiras foram homologadas para fornecer insumos à planta baiana, com destaque para a Continental Pneus, também instalada em Camaçari, o que otimiza a logística e reduz custos operacionais.
Inovação energética com motor híbrido flex
Outro passo estratégico da empresa foi o desenvolvimento conjunto de um motor híbrido flex 1.5 DM-i, que poderá operar tanto com etanol quanto com gasolina, em sinergia com o sistema elétrico da marca. A tecnologia é resultado de um esforço colaborativo entre engenheiros chineses e brasileiros, com foco em eficiência energética e redução das emissões de carbono.
Esse motor híbrido flex deve equipar futuros modelos da montadora e posiciona a BYD como uma das primeiras fabricantes a combinar eletrificação com o uso de biocombustíveis nacionais, o que pode se tornar uma vantagem competitiva importante no mercado brasileiro e regional.
Camaçari como hub de exportação
A escolha de Camaçari como sede da fábrica não é apenas geográfica. A cidade baiana oferece acesso facilitado a portos e rotas logísticas para países vizinhos, tornando-se uma plataforma estratégica para exportações futuras para Argentina, Uruguai, Colômbia e outros mercados latino-americanos.
Com a ampliação das etapas de produção e a adição de novos modelos ao portfólio nacional, a planta da BYD deve se tornar um hub industrial completo para a América Latina, reduzindo a dependência de importações e reforçando o protagonismo do Brasil na transição para uma mobilidade mais limpa.



