A história de Phil Bachman não é apenas sobre carros: é sobre uma vida dedicada a uma marca. Faleceu aos 88 anos em agosto, o empresário norte-americano que fez fortuna no setor automotivo construiu, ao longo de décadas, uma das mais impressionantes coleções de Ferrari já reunidas nos Estados Unidos. Agora, com 46 exemplares da fabricante italiana em sua garagem, a família decidiu colocar o acervo à venda, e o leilão já tem data marcada: 17 de janeiro de 2026, em Orlando, pela Mecum Auctions.
Mais do que uma venda milionária, o evento marca a dispersão de uma coleção minuciosamente formada entre os anos 1980 e 2010, que revela não apenas o amor do colecionador pelos modelos mais emblemáticos da Ferrari, mas também um olhar aguçado para raridades históricas e detalhes de originalidade que poucos entusiastas alcançam.
A Ferrari que iniciou tudo: o início do legado
A primeira Ferrari adquirida por Bachman foi uma 308 GTS Quattrovalvole 1984, targa clássica equipada com motor 3.0 V8 aspirado, que entregava 237 cv e 26,6 kgfm de torque. Acelera de 0 a 100 km/h em 6,7 segundos e atinge 255 km/h de velocidade máxima. Para muitos, já seria o ápice de uma vida; para Bachman, foi apenas o ponto de partida.
Aliás, essa Ferrari foi adquirida quando ele ainda trabalhava como vendedor de carros em Washington. Dias antes da compra, teve o primeiro contato com o modelo e decidiu que aquela seria sua entrada definitiva no universo dos esportivos italianos.
Raridades em tom de amarelo: a marca registrada de Bachman
O que diferenciava a coleção de Bachman não era apenas a quantidade ou o valor dos modelos, mas a identidade visual. Quase todas as Ferraris de sua garagem são pintadas em amarelo, uma escolha ousada em meio ao tradicional vermelho da marca. A exceção são alguns modelos em vermelho clássico, verde escuro, cinza ou marrom, que aparecem nos registros da Mecum.
Entre os exemplares mais exclusivos está a Ferrari FXX 2006, um hiperesportivo experimental com motor 6.3 V12 de 811 cv, desenvolvido no programa FXX da própria Ferrari. Apenas 30 unidades foram fabricadas e a de Bachman é a única em amarelo original de fábrica. O câmbio automatizado de seis marchas realiza trocas em 0,1 segundo, e o carro acompanha certificado de autenticidade.
Os ícones da Ferrari reunidos em uma única garagem
A coleção contempla praticamente todos os grandes ícones da marca italiana. Entre eles:
- Ferrari F40 1992: Duas unidades da lendária supermáquina, que teve apenas 60 versões destinadas ao mercado americano.
- Ferrari F50 1995: Uma das 55 vendidas nos EUA, traz motor V12 derivado da Fórmula 1 e desempenho ainda respeitado hoje.
- Ferrari Enzo 2003: Parte de um lote de 400 unidades produzidas, o modelo carrega o nome do fundador da marca e representa o auge da era pré-híbrida da Ferrari.
- Ferrari LaFerrari e LaFerrari Aperta (2017): As mais modernas da garagem, ambas com motor 6.3 V12, entregando até 800 cv e torque de 71,4 kgfm, além de sistema híbrido KERS que eleva o desempenho a um novo patamar.
Outro destaque é a Ferrari F12 tdf, equipada com motor V12 naturalmente aspirado, com 781 cv a 8.500 rpm, e que compartilha o refinamento de engenharia com os hipercarros mais recentes da marca.
A raridade das raridades: 166 MM/53 Vignale Spyder
O modelo mais antigo do acervo é também um dos mais simbólicos: trata-se de uma Ferrari 166 MM/53 Vignale Spyder 1953, com motor 2.0 V12 de 162 cv e câmbio manual de cinco marchas. Produzido há mais de 70 anos, o conversível representa os primórdios da Ferrari como fabricante de carros esportivos de rua com DNA de competição.
Quilometragem quase zero e cuidado extremo
Outro fator que chama atenção na coleção é a baixa quilometragem de boa parte dos veículos. A Ferrari 458 Speciale A 2015, por exemplo, tem apenas 92 km rodados — praticamente intocada. No extremo oposto está a charmosa Ferrari 250 GT/L Berlinetta Lusso 1964, com 124 mil quilômetros, sinal de que ao menos alguns exemplares foram usados com prazer e responsabilidade.
Além das Ferraris, dois Alfa Romeo 8C completam o acervo: um na configuração Spider e outro na versão Competizione, ambos reconhecidos pelo desempenho e design envolvente da escola italiana.



