A Ram Rampage, primeira picape desenvolvida integralmente no Brasil sob a bandeira da marca norte-americana, está prestes a cruzar fronteiras e desembarcar no mercado europeu.
A Stellantis, grupo multinacional que comanda a Ram, confirmou que o modelo será apresentado oficialmente durante a Fieracavalli 2025, tradicional evento equestre que ocorre na Itália. A expansão representa um passo estratégico da montadora para consolidar sua presença global no segmento de picapes compactas.
A estratégia por trás da chegada à Europa
A chegada da Rampage ao Velho Continente é uma tentativa clara de atender a um público que busca versatilidade com pegada urbana, mas sem abrir mão da robustez e estilo característicos da marca Ram. Segundo a Stellantis, o modelo chega como uma “aposta ousada” e vem para preencher uma lacuna de mercado entre os SUVs compactos e as tradicionais picapes médias — um nicho pouco explorado por fabricantes europeus.
Embora ainda não tenha sido revelado se a produção da Rampage será local ou feita por meio de importações a partir do Brasil, a base do veículo levanta possibilidades interessantes. A picape utiliza a plataforma Small Wide 4×4, a mesma de modelos como Fiat Toro, Jeep Compass, Alfa Romeo Tonale e Dodge Hornet. Esta arquitetura já é utilizada em fábricas da Stellantis no sul da Itália, o que poderia viabilizar a montagem europeia caso a demanda justifique.
Visual imponente e identidade global
Nas primeiras imagens divulgadas para a Europa, a Ram Rampage mantém o mesmo design robusto da versão brasileira, sem alterações visuais significativas. Linhas agressivas, grade dianteira proeminente e iluminação full LED reforçam o caráter marcante da picape, que mistura elegância e força em proporções equilibradas.
A presença da Rampage em um evento como a Fieracavalli, voltado para o mundo equestre, não é coincidência. A Ram é a principal patrocinadora da feira e aproveita o ambiente rural e de tradição para se posicionar como marca de confiança para quem precisa de desempenho no campo — mas também valoriza o design e a tecnologia no uso urbano.
Motorização: o que esperar para o mercado europeu
O ponto ainda nebuloso da operação é a especificação mecânica da Rampage para o mercado europeu. No Brasil, o modelo é oferecido com três motorizações: o 2.0 Turbo Hurricane a gasolina com 272 cv, o 2.0 turbodiesel Multijet com 170 cv e o 1.3 turbo flex com até 185 cv. Todos os conjuntos são combinados a transmissão automática e com opções de tração dianteira ou integral.
Para o público europeu, é provável que a Stellantis utilize configurações já homologadas no continente, como o 1.6 turbodiesel Multijet II ou até versões híbridas leves (mild-hybrid) como os conjuntos que equipam o Alfa Romeo Tonale. Também não está descartada uma versão com o motor 1.3 turbo PHEV (plug-in híbrido), que alia desempenho com maior eficiência e menor emissão — algo essencial para os padrões ambientais da União Europeia.
Tamanho e posicionamento no segmento
A Rampage mede 5,02 metros de comprimento e tem mais de 3 metros de entre-eixos, dimensões próximas às de uma picape média, mas com dirigibilidade semelhante à de um SUV. Esse equilíbrio permite que o modelo atue em faixas distintas: no Brasil, concorre tanto com versões de entrada de caminhonetes como Fiat Toro Ultra e Renault Oroch Outsider quanto com SUVs médios como Jeep Compass e Toyota Corolla Cross. Na Europa, pode ser a opção ideal para quem deseja mais capacidade de carga e tração 4×4, mas não abre mão de conforto, conectividade e design urbano.
Com caçamba de 980 litros e capacidade de carga de até 1 tonelada, a picape se mostra prática para o dia a dia e robusta para situações de trabalho leve. Além disso, traz como diferenciais recursos de assistência à condução, painel digital, central multimídia com tela de até 12,3 polegadas e bancos com ventilação — recursos que elevam seu padrão de acabamento e a colocam em um patamar premium dentro da categoria.
Exportação ou produção local?
A dúvida central ainda gira em torno da origem da produção da Ram Rampage europeia. Embora seja tecnicamente possível montar o modelo nas fábricas da Stellantis na Itália (onde já são produzidos Tonale e Hornet), a escala de vendas esperada para o tipo de veículo pode não justificar o investimento em uma nova linha de produção.
Nesse cenário, a exportação direta do Brasil surge como alternativa viável e estratégica, já que a fábrica em Goiana (PE) está totalmente adaptada à produção da picape. Além disso, a Stellantis já opera um forte sistema logístico global, o que facilitaria a operação.
No entanto, o custo de importação e a necessidade de adaptação às regulamentações de emissões e segurança europeias podem pesar na decisão. Por isso, a Stellantis ainda mantém o planejamento em aberto, aguardando os primeiros sinais do mercado europeu.



