O mês de julho marcou uma virada importante no mercado automotivo nacional. Com a entrada em vigor do Programa Carro Sustentável, que oferece isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para determinados veículos compactos, as vendas de carros 1.0 dispararam 13% em relação ao mês anterior. O impacto foi imediato nas concessionárias, refletindo não apenas a política fiscal, mas também os descontos adicionais concedidos pelas montadoras.
A medida, anunciada em junho e oficialmente implantada em 11 de julho, teve como objetivo reaquecer um setor que vinha sofrendo com o alto custo de aquisição, taxas elevadas e crédito restrito. A estratégia deu certo. Os números apresentados pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que, além do crescimento mensal, o avanço também foi de 11,35% quando comparado a julho do ano passado, reforçando o sucesso inicial da iniciativa.
Incentivo fiscal com metas de sustentabilidade
O programa estabelece critérios rigorosos para que os veículos se enquadrem no benefício. Apenas modelos compactos fabricados no Brasil ou no Mercosul, que cumpram exigências ambientais e de reaproveitamento de materiais, têm direito à isenção total do IPI. Entre os requisitos, estão emissão máxima de 83 g/km de CO², uso de pelo menos 80% de materiais recicláveis e a obrigatoriedade de passar por soldagem, pintura e montagem final em território nacional.
A proposta do governo é incentivar a produção local de veículos mais eficientes, seguros e ambientalmente responsáveis, além de estimular a modernização da frota nacional. De acordo com o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), a validade do decreto vai até dezembro de 2026. Até lá, a expectativa é que o impacto se amplie, tanto no lado da oferta quanto na procura.
Modelos mais vendidos e efeito nas concessionárias
Os primeiros reflexos positivos foram observados nos modelos de entrada. Montadoras como Fiat, Chevrolet e Hyundai relataram aumento expressivo nas vendas. Um exemplo prático foi observado em uma concessionária da Fiat, onde o Argo passou de 40 para 76 unidades vendidas em julho, enquanto o Mobi, outro modelo 1.0 elegível, foi de 25 para 40 veículos emplacados. O movimento é semelhante em outras marcas com modelos populares, como Onix e HB20, que também fazem parte do grupo contemplado.

Embora o desconto do IPI represente parte da redução no preço final, muitas marcas optaram por oferecer bonificações extras ou abatimentos diretos como forma de atrair consumidores que estavam adiando a troca de carro. Isso foi possível graças à articulação entre montadoras e governo, que trabalham em conjunto para impulsionar o setor sem comprometer a arrecadação futura.
Nova estrutura tributária para o setor
Além da isenção já em vigor, o governo prepara um novo modelo de cálculo para o IPI automotivo, que será aplicado a todos os veículos em circulação. A nova alíquota base será de 6,3% para carros de passeio e 39% para veículos comerciais leves. A partir desses índices, haverá variação conforme critérios de eficiência energética, sustentabilidade e segurança. Segundo estimativa do MDIC, cerca de 60% da frota atual terá redução de tributos com essa nova metodologia, prevista para entrar em vigor dentro de 90 dias.
Essa reformulação visa, além de estimular a renovação da frota, compensar a perda de arrecadação provocada pela isenção nos modelos sustentáveis. Ou seja, veículos que não se adaptarem às novas normas tendem a pagar mais, criando uma balança de incentivo e penalidade para acelerar a transição tecnológica do setor