Uma nova mudança nos combustíveis pode estar prestes a acontecer no Brasil. O governo federal planeja aumentar o percentual de etanol na gasolina, e a decisão deve sair ainda em junho, durante uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A ideia é elevar a mistura de 27% para 30%, o que representa uma guinada estratégica em direção à sustentabilidade, redução de custos e independência energética.
O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que confirmou que o tema será deliberado ainda neste mês. Segundo ele, a medida vai reduzir a dependência da gasolina importada, além de gerar ganhos diretos para a cadeia produtiva do etanol e contribuir para a descarbonização da matriz energética brasileira.
O que muda com a nova proporção de etanol?
Atualmente, a gasolina brasileira contém até 27,5% de etanol anidro. Esse valor está dentro da margem legal atual, que permite a mistura entre 18% e 27,5%. Com a sanção do programa Combustível do Futuro, o teto será ampliado para 35%, e o novo patamar proposto de 30% já começa a trilhar esse caminho.
Essa alteração trará reflexos imediatos e de longo prazo. Em curto prazo, a expectativa é de que o preço da gasolina nas bombas fique mais acessível, já que o etanol costuma ter custo inferior ao da gasolina fóssil. Além disso, a medida representa um estímulo direto ao setor sucroenergético, responsável por uma das maiores cadeias agroindustriais do país.
O impacto no motor e no desempenho do carro
Do ponto de vista técnico, os motores dos carros flex vendidos no Brasil já são adaptados para funcionar com uma ampla faixa de mistura entre etanol e gasolina. Segundo engenheiros da indústria automotiva, uma elevação para 30% não traz prejuízos à durabilidade, eficiência ou desempenho dos veículos.
Porém, é natural que consumidores se perguntem sobre consumo e rendimento. Vale lembrar que o etanol tem menor poder calorífico em relação à gasolina, o que, em teoria, aumenta o consumo. Entretanto, com o avanço da tecnologia dos motores flex e o desenvolvimento de calibrações específicas pelas montadoras, essas perdas são minimizadas — especialmente nos modelos mais novos.
Para quem utiliza carros movidos exclusivamente a gasolina, especialmente modelos importados ou mais antigos, a preocupação com a proporção de etanol deve ser maior. Nestes casos, é sempre recomendável consultar o manual do fabricante e realizar a manutenção preventiva em dia.
Caminho aberto para os biocombustíveis
A proposta do governo vai além da gasolina. A meta é tornar o Brasil líder global em biocombustíveis, e o projeto Combustível do Futuro abrange outras frentes. Entre elas, está o aumento gradual do biodiesel no diesel, que deverá subir dos atuais 14% para 15% em 2025 e atingir 20% até 2030.
A aviação também está no radar. O texto propõe que companhias aéreas passem a utilizar combustíveis sustentáveis de aviação (SAF), com o objetivo de reduzir em até 90% as emissões de poluentes até 2037. Essa mudança coloca o Brasil em sintonia com os acordos climáticos globais e pressiona o setor aéreo a acelerar a adaptação para soluções mais limpas.